“Uma das carreiras mais confusas do futebol”. Os caminhos de João Félix aos olhos da BBC

A BBC dedicou uma extensa reportagem na sua edição online sobre a carreira de João Félix, no dia em que o português foi oficializado como reforço do Al Nassr, da Arábia Saudita, deixando assim o Chelsea um ano após a chegada a Londres. Os ‘blues’ poderão encaixar uma verba superior a 50 milhões de euros.

Numa época em que alimentou as esperanças dos adeptos benfiquistas sobre um possível regresso à Luz, o avançado português muda-se para a Arábia Saudita, para jogar ao lado de Cristiano Ronaldo, onde será treinado por Jorge Jesus. O internacional luso converte-se assim na ‘estrela do futebol mundial’ mais jovem de sempre a jogar na Liga Saudita, aos 25 anos e oito meses.

A BBC fala numa “das carreiras mais confusas do futebol” para se referir às inúmeras decisões do português na hora de escolher os projetos. Com a mudança para a Arábia Saudita, fica a ideia que o potencial que João Félix chegou a demonstrar “nunca será totalmente concretizado”.

Por todos os clubes por onde passou desde que deixou o Benfica, nenhum treinador conseguiu lidar com ele. Félix parece não querer ouvir as instruções dos treinadores, fica a ideia que quer fazer as coisas à sua maneira.

Aos 25 anos, Félix já movimentou 225,70 Milhões de euros ao longo da carreira, que conta com passagens por gigantes europeus como o Barcelona, AC Milan e Chelsea. No entanto, desde que deixou Portugal, nunca marcou mais de 10 golos numa época.

João Félix é ainda é a terceira transferência mais cara de sempre (em termos de valor inicial), tendo custado ao Atlético de Madrid 129 milhões de euros em 2019, quando trocou o Benfica, pelos espanhóis, aos 19 anos.

‘Explosão’ no Benfica aos 18 anos

Foi preciso menos de meia época no Benfica para ter meia Europa aos seus pés. Depois de brilhar nos escalões de formação do emblema encarnado (tinha começado no FC Porto onde foi colega de Diogo Dalot, Diogo Costa, Diogo Leite, Diogo Queiroz, entre outros), onde se tornou no jogador mais jovem de sempre a jogar pela equipa B, com apenas 16 anos, no Félix foi promovido por Bruno Lage à equipa principal, num ano em que o Benfica recuperou uma desvantagem de sete pontos em relação ao FC Porto para ser campeão.

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Em 2018, marcou ao Sporting no derbi lisboeta uma semana depois da estreia e tornou-se no jogador mais jovem a marcar um hat-trick na Liga Europa, frente ao Eintracht Frankfurt nos quartos de final, na Luz.

Os 20 golos em 43 jogos em todas as provas, 15 deles em apenas 26 jogos na I Liga, bastaram para ser eleito Jovem Jogador do ano, fazer parte do onze ideal da Primeira Liga e conquistar prémio Golden Boy, atribuído ao melhor jogador sub-21 da Europa.

Terceira maior transferência de sempre e o choque com Simeone

Os 129 milhões de euros pagos pelo Atlético Madrid pelo seu passe fazem dele a terceira maior transferência de sempre do futebol mundial, apenas atrás dos 222 milhões de euros pagos pelo PSG ao Barcelona para ter Neymar e os 180 milhões de euros desembolsados pelo PSG para garantir Mbappé junto do Mónaco. Chegou a Madrid para substituir Griezmann, que tinha acabado de ser vendido pelos colchoneros ao Barcelona por 107,7 milhões de euros.

Mas desde cedo ficou claro que a aposta desportiva não era a melhor. Um jogador tecnicista, um fantasista como Félix dificilmente iria brilhar aos comandos de Diego Simeone, um treinador que aprecia mais os jogadores trabalhadores que os talentosos, atletas dispostos a manter o rigor tático exigido pelo argentino. O choque era inevitável. Deixou de ser titular, passou a maior parte do tempo no banco, a entrar a espaços, e muitas vezes a nem sequer ser utilizado.

Em três épocas e meia no Atlético Madrid, marcou 35 golos e fez 16 assistências em 131 jogos.

Em 2020/21, ajudou o Atletico a ser campeão espanhol, mas só foi titular em 14 jogos da liga e marcou apenas três golos depois do Natal. Em 2021/22, foi eleito Jogador do Ano (10 golos), apesar de ter perdido a parte final da época devido a lesão. A equipa terminaria La Liga no 3.º posto.

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Empréstimos nada mudaram

Em janeiro de 2023, o Chelsea tentou resgata-lo, após ter apostado em Graham Potter para treinador. Antes de sair, o Atlético renovou-lhe o contrato até 2027 e encaixou 11,3 milhões de euros pelo empréstimo. Em Londres, fez o que viria a fazer em todos os empréstimos: bons arranques, antes da queda a pique.

Na estreia deixou ‘água na boca’ com pormenores de classe, mas acabou expulso após falta feia sobre Kenny Tete, na derrota por 1-2 diante do Fulham. Cumpriria três jogos de castigo antes de voltar para fazer 13 jogos a titular e seis como suplente até ao final. Quatro golos foi o que apresentou em Stamford Bridge.

Mauricio Pochettino, que substituiu Graham Potter nos ‘blues’, não quis ficar com ele e Félix voltou ao Metropolitano. Foi relegado para a equipa B e com o regresso de Griezmann ao clube, disse publicamente que queria jogar no Barcelona.

Seria novamente emprestado e, no culés, marcou 10 golos, dois deles ao Atlético Madrid, na época 2023/24. Aos 10 golos, juntou seis assistências em 44 jogos, nesta que é a sua melhor temporada desde que saiu do Benfica.

De volta ao Atlético Madrid, seria vendido ao Chelsea em 2024/25 por 52 milhões de euros, tendo assinado por sete anos. O Chelsea venderia Gallagher ao Atlético Madrid por menos 12 milhões do que pagou por Félix. Mais uma vez, voltou a dar nas vistas nos primeiros jogos, com golo ao Wolves na estreia.

Marcaria sete golos em meia época (bis frente ao Panathinaikos e Noah na Liga Conferência e Morecambe na Taça de Inglaterra), antes de ser emprestado para o AC Milan, em janeiro de 2025, por cinco milhões de euros. Três golos em 21 jogos foi o que apresentou na equipa treinada por Sérgio Conceição. Raramente era titular. Acabaria devolvido.

Enzo Maresca também não o queria. Tanto assim foi que nem sequer foi inscrito para participar no Mundial de Clubes, ganho pelos londrinos nos EUA, a meio de julho.

Regresso à casa? Não, os petrodólares ‘falam’ mais alto

Com o Chelsea a não contar com João Félix, tudo indicava que o avançado iria regressar ao Benfica para voltar a ser feliz. À sua esperava estava uma massa adepta que o idolatra, um treinador que o conhece como poucos e que o tinha lançado para ribalta.

O jogador deixou juras de amor ao clube, alimentou as esperanças dos adeptos encarnados para, pouco tempo depois, acabar no Al Nassr, da Liga Saudita, onde promete “espalhar alegria”.

Seis anos depois, será treinado por um técnico português, exigente, e jogará ao lado de Cristiano Ronaldo. Pode ser que Jorge Jesus, com ajuda do veterano capitão da Seleção de Portugal, consiga colocar João Félix no trilho certo. Sem a pressão da imprensa internacional, o avançado tem uma boa oportunidade para mostrar todo o seu potencial. Ainda vai a tempo.

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