Cristiano Ronaldo acumula fortuna na Arábia Saudita, mas ainda sem sucesso desportivo

A ida de Cristiano Ronaldo para a Arábia Saudita surpreendeu o futebol mundial, reforçou a sua fortuna em 500 milhões de euros e impactou a modalidade no país, porém falta ao madeirense cumprir o desejo do título pelo Al Nassr.

Depois de cerca de duas décadas sempre ao mais alto nível no futebol europeu e internacional, representando Manchester United, Real Madrid e Juventus, após se ter formado no Sporting, ‘CR7’ prossegue a carreira num país sem tradição na modalidade, mas com imenso dinheiro para a criar, apostando no português como ‘cabeça de cartaz’ para cativar outros atletas de elite. Com a renovação de contrato até 2027, hoje oficializada, a missão vai continuar.

“Está a fazer-se história. Esta é uma contratação que não só vai inspirar o nosso clube a alcançar ainda mais sucesso, mas também a nossa liga, o nosso país e gerações futuras, rapazes e raparigas a serem a melhor versão de si mesmos. Bem-vindo, Cristiano, à tua nova casa”, escreveu o emblema saudita, quando anunciou o acordo, em 22 de dezembro de 2022.

Com efeito, o sonho dos sauditas não se cumpriu na totalidade, pois se a sua liga cresceu fortemente em termos de mediatismo internacional e qualidade média dos plantéis – e os jovens até se terão inspirado no exemplo do português -, a verdade é que o sucesso desportivo do Al Nassr ainda não aconteceu, situação que o português quer mudar.

O triunfo, em 2023, na Taça dos Campeões Árabes, prova que a FIFA não reconhece, foi o seu único momento de celebração, já que o título saudita escapou sempre à formação de Riade, que foi segunda classificada no campeonato em 2023 e 2024, e terceira esta época, ficando de fora da próxima edição da ‘Champions’ asiática.

Até à chegada do avançado, o Al Nassr somava nove títulos de campeão saudita, o último dos quais em 2018/19, e esse registo persiste imutável.

Sem troféus coletivos no clube – na seleção de Portugal, conquistou recentemente a sua segunda Liga das Nações -, Cristiano Ronaldo destacou-se como o melhor marcador do campeonato nas duas épocas completas que cumpriu, com 35 golos em 2023/24, recorde da competição, e 25 na temporada agora finda, além de 14 na meia temporada de estreia, em 2022/23. Em termos globais pelo Al Nassr, está à beira de celebrar a centena de golos, contabilizando 99 em todas as competições.

Ainda assim, a ambicionada meta dos 1.000 golos na carreira exige, pelo menos, mais duas épocas a bom nível, já que está com 944 golos em 1301 jogos, ou seja, a 56 do registo milenário.

Quando decidiu mudar de vida, em vésperas do Mundial2022, o capitão da seleção portuguesa tinha 37 anos e rescindiu com os ingleses do Manchester United, nos quais estava numa segunda passagem, mais conturbada e discreta, após a glória que o levou ao topo mundial, entre 2003 e 2009.

A opção de Ronaldo abriu caminho a outras estrelas do futebol internacional – poucos, no auge das carreiras, aceitaram o desafio -, como o brasileiro Neymar, o senegalês Sadio Mané ou o francês Karim Benzema, que emprestaram interesse acrescido a uma competição na qual o fundo soberano saudita apoia quatro clubes, que, assim, disputam um campeonato à parte, tal a disparidade de recursos face à concorrência.

O atleta teve papel preponderante no novo peso geopolítico do futebol árabe, que já organizou o Mundial2022, no Qatar, e que voltará a receber a prova em 2034, precisamente na Arábia Saudita, com a ‘ajuda de Ronaldo, numa opção novamente muito criticada por várias organizações internacionais de defesa de direitos humanos, que esperariam um papel mais interventivo de ‘CR7’ nestas questões.

Quando, no fim do contrato, se especulou sobre a sua possível saída para outro campeonato, vários meios de comunicação anunciaram que o Fundo de Investimento Público saudita ainda o tentou negociar para outro emblema local – teria pensado no Al Hilal ou Al Ahli –, porém o diretor desportivo do Al Nassr, o espanhol Fernando Hierro, assumiu o esforço para tentar a renovação, agora consumada.

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