Rui Costa fala em “duas agressões claras” e arrasa arbitragem de Luís Godinho: “Há coisas que ultrapassam todos os limites”

Após a derrota do Benfica na final da Taça de Portugal diante do Sporting, Rui Costa falou aos jornalistas na zona mista do Estádio Nacional, no Jamor. Sem direito a perguntas por parte dos órgãos de comunicação social, o presidente do Benfica deixou fortes críticas à arbitragem liderada por Luís Godinho, em especial a “duas agressões claras” sobre Belotti quando Benfica estava a ganhar, aos 90+5.

Duas semanas difíceis para o Benfica: “Foram duas semanas muito difíceis para nós, perdemos o campeonato, onde lutámos por ele até à última jornada, perdemos uma final da Taça de Portugal onde não bastou ser superior. Fomos superiores o jogo todo. Acabámos por sofrer um golo no último lance do tempo suplementar que durou 10 minutos. Vocês conhecem-me há muitos anos, não tenho por hábito de passar as minhas responsabilidades para os outros. E cá estou sempre que o Benfica não ganha ou perde uma competição. Cá estarei sempre a admitir a responsabilidade por esse falhanço.”

Postura no futebol português: “Não tenho sido um presidente quezilento, raramente falo de arbitragens e muitas vezes até sou penalizado internamente pelos meus por não me manifestar sobre arbitragens. É uma forma de eu estar no futebol, mas parece que há muita gente que não quer que assim seja. Assumindo a responsabilidade por não termos ganho esta Taça de Portugal, o que é uma pena porque a equipa fez por isso, foi superior no jogo inteiro e acaba por ser penalizada no último segundo, mas há situações que ultrapassam todos os limites”.

Belotti pisado na cabeça por Matheus Reis: “Peço-vos para analisarem encarecidamente o lance aos 90’+4, na linha de fundo, onde o Belotti, no chão, é agredido por dois jogadores do Sporting. E estamos a falar aos 94 minutos. Primeiro com uma cotovelada deliberadamente na cabeça no Belotti. E, não bastando isso, há um pisão deliberado e propositado na cabeça do Belotti, onde a falta ainda foi contra o Benfica. Estamos a falar de algo aos 94 minutos de jogo. Por mais responsabilidades que nós tenhamos, por mais responsabilidades que eu internamente tenho de avaliar, até comigo mesmo, há coisas que ultrapassam todos os limites.”

Críticas ao VAR: “Faz-me muita confusão como é que um VAR que consegue dar simulação ao Dahl [lance na 1.ª parte onde o Benfica pediu penálti] e anula o segundo golo do Benfica, não consegue ver uma dupla agressão a um jogador do Benfica e ainda nesse lance surge uma falta contra nós. Isto aos 94 minutos. Peço-vos que acompanhem esse lance. Aos 95 minutos, o Otamendi leva uma cotovelada na cara de um jogador do Sporting que já tinha amarelo e o jogo continuou. São lances a mais numa fase crucial do jogo para não se meter em questão aquilo que se passou aqui hoje. O Benfica perdeu, um assumo a responsabilidade mas há que olhar para o futebol português. Um lance desta natureza a favor do Benfica o que não dava para falar durante a semana toda…”

Mais críticas: “Que os responsáveis da arbitragem, dos árbitros analisem este jogo e [vejam] como é que um VAR que consegue anular duas situações ao Benfica não consegue ver dois lances destes. Provavelmente vai ser premiado agora e passará a ser o condutor do VAR em Portugal. Repito: raramente ouviram-me a falar de arbitragem, mas há coisas que me ultrapassam. Tentei e procurei ser um presidente da dimensão do Benfica, que fosse responsável e tentasse ajudar neste capítulo do futebol português. Não são erros de estarmos aqui a discutir se foi falta ou não, se foi penálti ou não. Estamos a falar de duas agressões claras e evidentes, que não foram vistas pelo bandeirinha e pelo VAR. Acho extraordinário e há limites para tudo. Não era assim que eu queria estar hoje, nem os benfiquistas. Mas há alturas em que transborda tudo. Peço desculpa aos benfiquistas por não ser o presidente que goste de falar muito de arbitragens, que gosta de falar para dentro, de analisar os erros internamente e de procurar que os meus jogadores não tenham esse desconforto. Mas o que se passou aqui hoje é de uma análise profunda do futebol português. Desde os 10 minutos de desconto, aos lances capitais do jogo, estamos a falar de lances aos 94 e 95 minutos de jogo num jogo que teve 10 minutos de desconto.”

O bicampeão nacional em título Sporting conquistou hoje a Taça de Portugal em futebol pela 18.ª vez, ao vencer o Benfica por 3-1, após prolongamento, na final da 85.ª edição da prova, no Estádio do Jamor, em Oeiras.

O dinamarquês Conrad Harder, aos 99 minutos, e Francisco Trincão, aos 120+1, deram o triunfo aos ‘leões’, depois de o sueco Viktor Gyökeres, de penálti, forçar o tempo extra, já aos 90+11, igualando o tento inicial do turco Orkun Kökçü, aos 47.

No ranking da prova, o Sporting, que não vencia desde 2018/19 e selou a sétima ‘dobradinha’ da sua história, 23 anos depois, manteve o terceiro lugar, com 18 títulos, atrás do Benfica, com 26, o último em 2016/17, e do FC Porto, com 20.

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