Com mais de um século de existência, o histórico Lusitano de Évora prossegue o renascimento, desde o distrital à Liga 3 em futebol, e até sonha com ‘voos mais altos’, mas com ‘pés assentes na terra’.
“Não vamos para a Liga 3 para nos virmos embora, queremos ficar e penso que está a chegar o momento em que algo mais tem que ser feito”, afirmou hoje o presidente do Lusitano de Évora, Pedro Caldeira, em declarações à agência Lusa.
O clube alentejano, fundado em 1911 e que chegou, nas décadas de 1950 e 1960, a militar 14 épocas seguidas na então primeira divisão nacional, garantiu, no sábado, a subida à Liga 3, ao vencer, por 1-0, na visita ao Fátima.
A faltarem duas jornadas na Série B da fase de subida do Campeonato de Portugal, o Lusitano já garantiu matematicamente o primeiro lugar, que dá direito, além da ascensão de divisão, a disputar a final de apuramento do campeão, no Estádio Nacional, em Oeiras.
Nas declarações à Lusa, o presidente do clube considerou que os sentimentos que reinam na equipa são de “alegria e missão cumprida, acima de tudo”, lembrando que a subida à Liga 3 era o objetivo desde o início da época desportiva.
“Mas ainda não acabou”, pois “há um título para conquistar e estamos todos focados em honrar os pergaminhos do Lusitano nos dois jogos que faltam desta fase e em ir ao Jamor com a missão de nos tornarmos campeões nacionais”, salientou.
Lembrando que o clube possui um título de campeão nacional, aquando da conquista da segunda divisão na década de 1950, Pedro Caldeira disse esperar que o clube possa fazer a festa no jogo de apuramento do campeão do Campeonato de Portugal.
“A subida à Liga 3 foi um dia importante na vida do clube, mas, se formos campeões no Jamor, será um dia histórico e uma das mais importantes páginas dos 113 anos da história do Lusitano”, sublinhou.
Numa retrospetiva dos seis anos de presidência, o dirigente frisou que “o Lusitano esteve à beira do fim, com várias situações muito complicadas”, entretanto, já ultrapassadas, e a equipa sénior teve que recomeçar na segunda divisão distrital.
“A equipa subiu da segunda à primeira distrital e, depois, ao Campeonato de Portugal”, recordou Pedro Caldeira, considerando que, nos primeiros anos da sua presidência, foram criadas “as bases para o sucesso” alcançado esta época.
Além de já ter garantido a subida à Liga 3, o Lusitano de Évora fez ‘boa figura’ na Taça de Portugal, ao eliminar o AVS e o Estoril Praia, ambos da I Liga, e o Académico de Viseu, da II Liga, caindo em casa do Sporting de Braga, nos oitavos de final da prova.
Quanto ao futuro, o presidente do clube alentejano avisou que é preciso “ter sempre os pés bem assentes na terra” e que, apesar da ambição, a subida à Liga 3 “não deve pôr em causa a sustentabilidade financeira”.
“Vamos competir com clubes que têm SAD [Sociedade Anónima Desportiva] e equipas com investidores”, realçou, insistindo que o Lusitano de Évora não vai subir ao terceiro escalão do futebol português para descer na época seguinte.
Porém, apontou Pedro Caldeira, é necessário “pensar o modelo financeiro do clube, porque não há milagres”, já que, neste nível competitivo, “o dinheiro que é preciso ter é mais do que aquele que se precisava antes”.
“Se queremos crescer, se queremos ir para outros voos, não vão ser suficientes” as receitas de que o clube dispõe atualmente, pelo que é “vamos ter que ter mente aberta e perceber qual o caminho a percorrer”, acrescentou.
O Lusitano ainda vai defrontar o Amora e o Elvas, na fase de subida do Campeonato de Portugal, enquanto o título de campeão do Campeonato de Portugal será disputado com o vencedor da Série A, no Estádio Nacional, em Oeiras.