O Benfica deixou fugir dois pontos ao cair do pano de forma quase inacreditável na receção ao Santa Clara, permitindo que o conjunto açoriano – que jogou com dez jogadores desde o minuto 37 – chegasse ao empate nos descontos da segunda parte, num lance em que Nicolas Otamendi falhou clamorosamente.
Mas, quando uma equipa com um plantel tão superior, a jogar em casa e a atuar quase uma hora com mais um jogador, a culpa não pode cair toda sobre o capitão. Com tudo do seu lado, o Benfica tinha obrigação de ter somado mais três pontos. Só que não somou.
Se nas visitas a Estrela da Amadora e a Alverca, mesmo com exibições pouco conseguidas e sem deslumbrar, o Benfica tinha acabado por vencer por um golo de diferença (1-0 na Reboleira, 2-1 no Ribatejo), desta feita a vantagem mínima mostrou-se insuficiente e a turma de Bruno Lage deixou-a mesmo fugir ao mostrar-se incapaz de ‘matar’ o jogo depois de, com algum custo (e não muitas oportunidades), ter feito o que parecia ser o mais difícil, que era abrir o marcador.
Mais à frente se perceberá o quão penoso poderá ser (ou não) este deslize para as contas do campeonato. Mas numa prova em que Benfica, Sporting e FC Porto ostentam tamanha superioridade sobre as restantes equipas, perder pontos em casa nestas circunstâncias pode revelar-se fatal…
Veja as imagens que contam a história do encontro
A figura
Gabriel Batista brilhou na baliza açoriana
O Benfica não criou muitas oportunidades de golo, mas o guarda-redes dos açorianos disse (quase) sempre presente quando foi testado, começando por mostrar o que vale logo por duas vezes no quarto de hora inicial, para travar dois remates de Richard Ríos. E mesmo no lance do golo do Benfica ainda defendeu o excelente cabeceamento de Otamendi, nada podendo depois fazer para travar a recarga oportuna de Pavlidis.
Os destaques
Um ‘acidente’ à espera de acontecer
O Benfica chegou a este encontro 100 por cento vitorioso na I Liga, com uma Supertaça conquistada e duas eliminatórias ultrapassadas rumo à fase de liga da Liga dos Campeões. Mas a verdade é que em nenhum dos 8 jogos que tinha disputado até aqui – apesar do sucesso alcançado -tinha deslumbrado.
A vitória sobre o Alverca, na ronda passada, antes da paragem para as seleções, já havia sido bastante suada (tal como o fora o triunfo sobre o Estrela da Amadora, na jornada 2). Não se pode dizer que, face à (pouca) qualidade do futebol praticado, nos jogos anteriores e neste, não se estivesse a adivinhar um deslize ao virar da esquina…
Pavlidis fez a sua parte
O Benfica não criou muitas ocasiões flagrantes de golo, mas Pavlidis, que até tinha sido suplente em Alverca, voltou à titularidade e disse presente, com um golo à ponta-de-lança, numa recarga oportuna. O grego fez a sua parte e colocou a equipa em vantagem, mesmo sem que a bola lhe chegasse muitas vezes em condições.
Do banco vieram poucas ideias
Bruno Lage mexeu pela primeira vez na equipa ao intervalo. Em superioridade numérica e com o nulo no marcador. Tirou Tomás Araújo, colocou Aursnes a lateral direito e lançou Prestianni. E até foi o argentino a sofrer a falta que deu origem ao livre de onde nasceu o golo encarnado.
Mas, com o Benfica incapaz de criar oportunidades flagrantes para chegar ao 2-0, Lage lançou depois, de uma assentada, aos 73 minutos, Leandro Barreira, Sudakov e Henrique Araújo. E nenhum deles acrescentou muito. Para além de intensidade, faltaram ideias, quer por parte dos homens que vieram do banco, quer por parte dos restantes.
Erros como o de Otamendi pagam-se caro…e podem custar campeonatos
Mesmo sem deslumbrar, o Benfica parecia caminhar para mais três pontos. Só que, depois, surgiu o tal erro de Otamendi. Um erro inadmissível e que pode custar caro. O argentino continua a ter um papel importante na equipa do Benfica – e até foi fundamental no lance do golo de Pavlidis – mas a verdade é que já na época passada cometeu erros clamorosos que resultaram na perda de pontos importantes.
Vasco Matos completa a ‘triologia’
É bom não esquecer o mérito do Santa Clara e do seu treinador. Os açorianos mostraram-se afoitos a partir do momento em que sacudiram a pressão inicial do Benfica e mesmo depois da expulsão foi deles a melhor ocasião de golo da primeira parte, em cima do intervalo.
Depois viram-se em desvantagem, mas não baixaram os braços: ameaçaram mais uma vez, testando Trubin, e nos descontos souberam aproveitar o erro do adversário. Para Vasco Matos foi o fechar de uma triologia: ao leme dos açorianos, o técnico já tinha conseguido roubar pontos no Dragão, com um empate frente ao FC Porto (1-1) e em Alvalade, com uma vitória sobre o Sporting (1-0). Faltava pontuar na Luz…
As reações
– Otamendi: “Por um erro meu, numa jogada de m****, não conseguimos os três pontos”
– Bruno Lage: “Toda a responsabilidade por este empate é do treinador”
– Vasco Matos destaca que a equipa nunca deixou de acreditar, Sidnei Lima solidário com Otamendi
O resumo